quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

The Gallerist: A impressionante Arte dos Jogos de Tabuleiro Modernos


"Arte é a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular esse interesse de consciência em um ou mais espectadores, e cada obra de arte possui um significado único e diferente." (http://www.significados.com.br/arte/)

Na verdade o mundo de pinturas, esculturas em museus e bienais nos parece muito excêntrico e coisa de burguês rico que não tem preocupação com as faturas do fim de mês.

Pagar fortunas em jogos de tabuleiro obras de arte para muitos parece uma simples loucura, mas quem nunca ficou surpreendido com uma bela pintura ou impressionado com uma escultura. Mas o que define uma obra prima ou uma tentativa frustrada de expressão? Difícil. Um drible de futebol ou uma agradável melodia é até mais fácil de identificar a beleza, mas ainda há quem diga que nada vale uma finta se não houver gol, ou quem prefira uma música de uma nota só a sinfonias eternizadas nos mais diversos instrumentos.

A arte é realmente um tema realmente amplo, mas em The Gallerist estamos para vender arte e não para criá-la. Se sua intenção é "sentir" a arte é provável que tenha a sensação de estar em frente a um quadro surrealista.

Em The Gallerist cada jogador tem uma galeria de arte com funcionários que estão atrás de obras de artistas em ascensão com a simples intenção de faturar money. O jogo apresenta regras claras, e muitas alternativas. São tantas possibilidades que uma ação pode desencadear que é difícil já no primeiro jogo encontrar um caminho para pontuar. Chegando sua vez você tem apenas uma ação a escolher entre as 8 possíveis, mas a cadeia de efeitos é tão grande que para aqueles que querem sempre fazer a melhor jogada fica complicado quantificar todas as consequências. Até porque na primeira vez é quase impossível identificar o quão benéfica é uma ação.

The Gallerist não é um jogo onde você acaba o jogo com uma estratégia montada para a próxima partida, como o mesmo jogo se intitula, a arte da estratégia não é de fácil aprendizagem.

São tantas interligações e meandros que uma escolha de qual obra comprar se torna uma equação daquelas de repetir de ano. Vital Lacerda, autor do jogo, escolhe mecânicas como controle de área, work placement de um worker só, trilha de influência entre outras mecânicas para embaralhar a mente dos jogadores, mas sem torná-lo confuso, mas sem foco. No jogo não existe uma fase de penalidades ou algo que force o jogador a cumprir, os objetivos iniciais dão algum norte, mas nada muito enfático.

Sobre os componentes e iconografia do jogo são só elogios. Para um jogo com enfase em belas artes esse quesito cumpre seu papel com primor.

Por fim, The Gallerist é um euro bem pesado e rebuscado, regras claras porém extensas, alguns enxergarão apenas manchas feias sem sentido, outros acreditarão ter encontrado um novo talento artístico sublime e encantador.


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